O meu homem, enquanto estende a roupa (sim, cá em casa a roupa é cena dele. Somos estranhos, eu sei!), ouve música. Aliás, ele ouve sempre música, mas hoje, enquanto estava a ouvir música e a estender a roupa e eu a arrumar a loiça do almoço (sim, apesar do moço tratar da roupa, eu também faço umas coisitas cá por casa. Sim, eu sei, parece que somos mesmo estranhíssimos!), pôs os Pink Floyd a tocar.
Ao som dos Pink Floyd, comecei a pensar que hoje há pouca cultura que faça as pessoas pensarem como por exemplo os Pink Ployd faziam; que conteste os poderes; que ponha em causa as ditas verdades universais; que cause indignação e contestação.
Vivemos na sociedade do engano. Julgamos que temos liberdade, quando somos nós mesmos que restringimos a liberdade, calando-nos. Já não defendemos causas, mandamos umas bocas e ficamo-nos por aí. Os poderes estão instituídos e aceitamo-los, pura e simplesmente, sem um ai realmente sentido. Encolhemos os ombros e distraímo-nos com outras coisas para aliviar a leve pressão que nos possam fazer sentir.
A arte, a música, o teatro já serviram para abrir mentalidades, para iniciar revoluções, para mudar o mundo. Hoje, pouco sobrou destas artes. Vivem vendidas e presas aos poderes políticos e governamentais, às empresas. Vivem amarradas aos subsídiozinhos de subsistência e já não são valorizadas nem pelas instituições, nem pelos públicos adormecidos e alienados. Quem diz a arte, diz a comunicação social, diz os conjuntos de cidadãos, diz o cidadão comum.
Amarrámo-nos ao conforto. "Não vou dizer ao chefe que a cadeira onde me sento tem uma perna partida, porque senão ele pensa que estou descontente ou que não quero trabalhar"; "Não digo que me pagam um ordenado de merda, senão substituem-me por outro"; "Não concordo com o colega que reivindica um direito, senão associam-me a ele e penalizam-me"; e por aí fora até frases cretinas e mentirosas como "O trabalho é tudo para mim"e "Desde que tenha trabalho, estou bem".
E vive-se no engano. Um engano profundo e corrosivo. Vive-se a fingir, sempre a fingir.
E quando a arte e a cultura se calam o perigo aumenta. Já não há para onde ir. Erguem-se muros sobre a evolução, sobre os homens. Paredes enormes separam-nos da verdade, distanciam-nos do encontro com aquilo que sentimos.
E a escravatura impera. Vive-se escravo não só no trabalho como em casa, como nas relações pessoais. Não queremos chocar, não queremos ofender, nem que nos tomem por mal-agradecidos, vendemo-nos por inteiro à imagem que queremos que tenham de nós. Recebemos a esmola e fazemos uma vénia. Sempre. Porque no fundo vivemos de esmolas e a vénia é a porta aberta para a próxima.
E, no fim, frustrados, vamos para as redes sociais (ou para outros locais onde nos julgamos semi-anónimos) ofender tudo o que mexe, atirar-lhes as frustração que não conseguimos matar, porque as abafámos, silenciámos ao tilintar do dinheiro e da imagem.
A cultura torna-se urgente, a cultura do pensamento crítico, do raciocínio, das questões, não esta do folclore em que se diz o que se espera, em que se ecoam interesses e matam gentes. Não esta.
Ao som dos Pink Floyd, comecei a pensar que hoje há pouca cultura que faça as pessoas pensarem como por exemplo os Pink Ployd faziam; que conteste os poderes; que ponha em causa as ditas verdades universais; que cause indignação e contestação.
Vivemos na sociedade do engano. Julgamos que temos liberdade, quando somos nós mesmos que restringimos a liberdade, calando-nos. Já não defendemos causas, mandamos umas bocas e ficamo-nos por aí. Os poderes estão instituídos e aceitamo-los, pura e simplesmente, sem um ai realmente sentido. Encolhemos os ombros e distraímo-nos com outras coisas para aliviar a leve pressão que nos possam fazer sentir.
A arte, a música, o teatro já serviram para abrir mentalidades, para iniciar revoluções, para mudar o mundo. Hoje, pouco sobrou destas artes. Vivem vendidas e presas aos poderes políticos e governamentais, às empresas. Vivem amarradas aos subsídiozinhos de subsistência e já não são valorizadas nem pelas instituições, nem pelos públicos adormecidos e alienados. Quem diz a arte, diz a comunicação social, diz os conjuntos de cidadãos, diz o cidadão comum.
Amarrámo-nos ao conforto. "Não vou dizer ao chefe que a cadeira onde me sento tem uma perna partida, porque senão ele pensa que estou descontente ou que não quero trabalhar"; "Não digo que me pagam um ordenado de merda, senão substituem-me por outro"; "Não concordo com o colega que reivindica um direito, senão associam-me a ele e penalizam-me"; e por aí fora até frases cretinas e mentirosas como "O trabalho é tudo para mim"e "Desde que tenha trabalho, estou bem".
E vive-se no engano. Um engano profundo e corrosivo. Vive-se a fingir, sempre a fingir.
E quando a arte e a cultura se calam o perigo aumenta. Já não há para onde ir. Erguem-se muros sobre a evolução, sobre os homens. Paredes enormes separam-nos da verdade, distanciam-nos do encontro com aquilo que sentimos.
E a escravatura impera. Vive-se escravo não só no trabalho como em casa, como nas relações pessoais. Não queremos chocar, não queremos ofender, nem que nos tomem por mal-agradecidos, vendemo-nos por inteiro à imagem que queremos que tenham de nós. Recebemos a esmola e fazemos uma vénia. Sempre. Porque no fundo vivemos de esmolas e a vénia é a porta aberta para a próxima.
E, no fim, frustrados, vamos para as redes sociais (ou para outros locais onde nos julgamos semi-anónimos) ofender tudo o que mexe, atirar-lhes as frustração que não conseguimos matar, porque as abafámos, silenciámos ao tilintar do dinheiro e da imagem.
A cultura torna-se urgente, a cultura do pensamento crítico, do raciocínio, das questões, não esta do folclore em que se diz o que se espera, em que se ecoam interesses e matam gentes. Não esta.
Comentários
Enviar um comentário
Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...