Lembro-me bem da pele macia, velhinha e enrugada, mas macia e a cheirar a sabonete. Tenho a ideia que todos os velhotes cheiram a sabonete. Talvez os meus velhotes cheirem... Tivemos pouco tempo juntas. Estiveste presente num curto período da minha vida. Nem tenho bem ideia quando foi que morreste. Tenho-te como se só eu te conhecesse, não me lembro de nós com outras pessoas. Sempre sós e eu almoçar e a fazer os trabalhos de casa em tua casa. A tua casa era daquelas antigas que lembram os anos 50 e tinha um patiozinho ao fundo. Lembro-me do corredor até ao fundo, à cozinha e ao pátio. E tu velhota com dificuldade em atravessá-lo para ires abrir a porta. Eu era tão criança... Ainda hoje consigo sentir a sensação de ser criança quando penso na tua casa e em ti. És a lembrança da minha infância, da ingenuidade e da inocência. A sede da descoberta e a incapacidade de compreender certas coisas lembram-me a tua casa. Como se esse lugar fosse mágico e me fisgasse com uma vontade enorme d
Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...