- Estás cada vez mais bonita. - disse-me em voz trémula aquele pedaço do que um dia foi a minha tia-avó. Mirrada pela fragilidade que a vem atacando faz tempo, reduzida a uma cama com colchão anti-escaras, olhei-a numa tentativa de a ver como dantes. Tenho por hábito tentar não ver a decadência nas pessoas de quem gosto. Fi-lo com o meu avô; fi-lo com a minha mãe quando esteve um farrapo atacado pelos cancros; fi-lo com o meu filho quando confinado àquela cama de Santa Maria e fi-lo agora com a "tuzinha". - Estás cada vez mais bonita. E um punhado de ossos dentro de uma camisa de noite. E a vontade de lhes tocar e senti-la inteira. Sou pouco dada a tocar nas pessoas, mas às vezes apetece-me chegar-lhes. Arranjo-lhe o cabelo com a desculpa de que está desalinhado. - Realmente o dinheiro faz milagres... Tratam-nos diferente quando pagamos... Vem-me à cabeça a falta que lhe faz um pirilampo mágico na cabeceira da cama. Como o que o meu filho teve no hospi
Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...