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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2013

Gente Boazinha e Invejosa

Para o ano que vem, quero muitas coisas. Tal como toda a gente, quero que o ano seja melhor do que este, que a saúde, o amor, o dinheiro e a felicidade não faltem. Mas também quero ver-me livre de umas tantas coisas. Entre estas coisas, estão as gentes boazinhas e invejosas.  Não sei se será impressão minha, ou se, realmente, há mais gente boazinha e invejosa por aí. Não falo da gente boazinha e invejosa em simultâneo, mas da gente boazinha e da gente invejosa. Em separado. Gentes diferentes, mas igualmente irritantes. A boazinha é aquela que faz e diz tudo o que é politicamente correcto. Tem sempre a palavra certa, no momento certo. Cheia de amor espalha-o em tudo em que toca. Ama todos os animais, todos os pobrezinhos e todos os doentes. Indiscriminadamente. Sejam eles uma destas três coisas, a gente boazinha ama como se de um filho se tratasse. Exerce o bem, dia sim, dia sim. Tem uma paciência infinita até para os mais chatos. Enfim, é gente boazinha que nunca mais acaba.

A Importância de Não Ter

Estamos em crise, é verdade. Há imensa gente com falta de imensas coisas. Neste momento, sentimos que é importante que toda a gente tenha acesso a: - Saúde - Educação - Habitação - Alimentação - Água - Luz - Gás No entanto, e com tanta gente, a carecer destas coisas,  "O número de reservas da PlayStation 4 em Portugal é avassalador"  e há  A “obsessão” pela Bimby no país mais pobre da Europa Ocidental . Incrível, não? Enfim, O top de vendas deste Natal  é o que se vê! Se nos abstraíssemos de tudo o que tem acontecido neste país nos últimos anos e olhássemos só para esta época festiva, poderíamos concluir que este país está bem e recomenda-se. Vemos crianças cheias de presentes caros e adultos cheios de novas tecnologias de última geração. Coisa de ricos, claro! As gentes deste país estão "cheias da massa"! Estão? Ou passaram fome todo ano para, no Natal, se vingarem e comprarem todas as merdas que lhes deu na gana?   Pois, não sei. E

Hoje, Que Chove e Faz Vento

Hoje, que chove e faz vento, lembrei-me de ti. Fiquei a pensar se estarias encharcada, com a crina a baloiçar ao vento, parada na intempérie. E senti vontade de te tirar o excesso de água do pêlo e de te esfregar com palha para te secar. Abraçar-te e sentir o calor dos recantos do teu corpo ainda secos. Esconder as mãos no teu peito e acariciar o pêlo macio que lá morava. Lembrei-me de como cheiravas bem quando molhada. E senti saudades da preocupação de te saber bem. Estranha, esta coisa de sentir saudades da preocupação... Hoje, que chove e faz vento, lembrei-me que estou aqui depois de ti. Depois de ti é coisa que não queria. Depois de ti não há. Hoje, que chove e faz vento, lembrei-me que estou aqui contigo. Sempre.

Parece Que Se Diz Por Aí Qualquer Coisa Como...

Imagem roubada, também, por aí

Não Me Apetece

Imagem de um sítio qualquer

Cratinices

“o que está aqui em causa é o direito dos pais e das famílias a que sejam escolhidos os melhores para serem professores” “o Estado, representando as famílias, para elevar a qualidade da escola pública deve recrutar os melhores e fazer um critério de condições mínimas” Ó "migo", deixa lá as famílias em paz! Que tal ires, "masé" testar as tuas c ondições mínimas para seres ministro, hã?

Aquilo Que Não Sai

Apetecia-me dizer coisas. Escrever coisas. Escrever, escrever, escrever. Mas as coisas não me saem. Parece que se trancaram cá dentro e não saem.  Vou enchendo e preciso de explodir. Como um balão que cresce com o ar. Estou um balão de coisas para dizer. Mas no silêncio. O silêncio é o meu ar, agora. E enche-me. Enche-me inteira. Queria a minha vida em palavras. Palavras belas e feias. E belas e feias. Palavras sem fim. Escrever cada letra e formar palavras, e frases, e textos, e contos, e livros. Livros cheios de ar. Do ar das palavras que o vento não leva. Palavras que ficam. Belas e feias. E lê-las. E não gostar delas. E amá-las. E escrever outras. Queria um mundo de letras. E mergulhar nas palavras dos livros. Viver em livros e histórias. E em pensamentos de papel. Recortar ideias e sonhos e colá-los no papel. Assim, nesta forma que se lê. Mas essas coisas não me saem. 

Lençóis de Flanela

Cá em casa, desde que aderimos aos lençóis pretos que não tínhamos lençóis de flanela na cama.  No fim-de-semana passado, pensei "que se lixe a cama bonita, quero é uma cama quentinha!". Fui buscar os velhinhos lençóis de flanela à gaveta e, com eles, tornámos a cama um lugar bem mais agradável. Hoje de manhã, o J., que não conhecia estes lençóis (vejam lá, há quantos anos ando a deitar-me numa cama gelada!), quando veio para a nossa cama, ficou fascinado e não se queria levantar nem por nada deste mundo. "Mãe, não quero sair daqui! Está-se tão bem..." Há bocado, quando o fui deitar, disse-me: - Eu queria era ir dormir para a vossa cama... - Pois, mas não pode ser. Cada um dorme na sua cama! - Então, quero uns lençóis como os vossos. Uns assim, tãããããão quentiiiinhos. Onde os arranjaste? - Oh, já são velhinhos! - respondi, a pensar que o meu filho, de nove anos, ainda não conhecia lençóis de flanela. Que falha desgraçada! Coitada da criança, tantos

#24 Músicas Que Entranham

Exercícios Mentais Versus Gordura Intelectual II

Pronto! Estou mesmo gordurosa! Agora o miúdo, já não contente em dizer as palavras ao contrário, em fazer contas com as vogais e em inventar frases a partir das vogais de uma palavra , resolveu formar novas palavras a partir da ordenação alfabética das letras de uma qualquer palavra. Confusos? Também eu! Hoje, veio-me com esta novidade: - Mãe, diz-me uma palavra qualquer! - Hipopótamo! - Vou dizer "hipopótamo" por ordem alfabética das letras! - Como? - Ahimopt! - Hã? - Ahimopt! - Mas faltam letras aí, não faltam? Escreve lá! Escreveu.  Esta tontinha ainda foi à procura dos neurónios há já muito esquecidos numa qualquer prateleira por debaixo da cabeleira loira para a ajudarem, mas, ou eles já morreram, ou estavam mesmo enferrujados... - Vês, as letras estão por ordem alfabética! - Hum? - Mas falta um "pê" e dois "ós"! - Sim, mas eu não repito as mesmas letras! Senão ficava "ahimooppt"! - Hum... - Diz out

Amiguinhas dos Animais

Esplanada do Centro Comercial Vasco da Gama. Gaivotas a atacar tabuleiros com restos de comida. Duas amiguinhas dos animais tiram o miolo de pães que trazem dentro de um saco. Dão o miolo fofinho e arranjadinho às coitadinhas das gaivotas esfomeadas que só têm um rio imenso cheio de peixe do outro lado da rua, onde podem pescar comidinha. São tão amiguinhas dos animais que dão pão aos que não têm pão, cereais, ou alimentos processados na dieta original. São tão amiguinhas dos animais que os tratam como se fossem humanos. Tal e qual aqueles amiguinhos dos animais que tosquiam os seus cães no inverno porque largam muito pêlo pela casa e que, depois, lhes vestem uns casaquinhos muito lindinhos para não terem frio. Tão amiguinhas dos animais quanto os que mandam vir huskies  siberianos - porque é moda ter um husky -  para um país quente como o nosso. Tão amiguinhas dos animais quanto os que limpam o rabo dos cães com toalhetes perfumados para não cheirarem mal. Ou os que prendem animais s

O Que Desejamos Para os Nossos Filhos?

Assim de repente, sem pensar duas vezes, diria "que sejam felizes!".  Depois olho em volta e não vejo isso nas acções da maior parte dos pais. Não nas de todos, claro, mas nas da maior parte. Olho-os, oiço-os e vem-me à cabeça a palavra "sucesso" em vez de "felicidade". Sucesso nos estudos, no desporto, nas finanças, nas atitudes, nos comportamentos, na vida. Vejo-os gastar tempo e dinheiro, muito dinheiro por vezes, em mil e uma actividades. E tempo a dividir-se em muitos para conseguirem levar os filhos a essas mesmas actividades. Exigem que eles sejam bons em tudo o que fazem. E volto ao sucesso. Paro no sucesso. E fico a meditar a definição de sucesso.  O que é isso, sucesso? O que é isso de se ser bom em tudo, de se saber fazer tudo? Ter infindáveis valências far-nos-á mais felizes? Ser bom far-nos-á mais felizes?  E desta vez, olho e oiço os filhos, e não me parecem felizes. Resignados, talvez. Mas felizes não. Vejo crianças como pequenos ad

Parceira de PET

Há uns tempos, durante a minha cruzada oncológica, fiz várias PET - Tomografia por Emissão de Positrões . O exame não é doloroso, no entanto foi dos que mais me custou fazer. Requeria uma longa preparação de jejum e de imobilidade que, para uma pessoa como eu, cujo mau-humor se acentua quando exposta a factores como a fome, o frio e o sono, me deixava para lá do insuportável. Durante as longas horas de preparação só me apetecia bater em toda a gente que cruzasse o meu caminho. Como não o podia fazer, tentava dormir para esquecer a fúria que me invadia. Num destes dias de tortura, dormi durante umas sete ou oito horas numa cama de hospital até me chamarem para a sala, dita, de preparação para o exame. Já tinha uma noite de jejum em cima e estava possessa.  Tal como podem ler na definição de PET que linquei acima, é-nos injectada uma substância radioactiva antes do exame, que nos percorre o corpo e assinala os consumos de glicose anormais das células, uma das características

Fechar os Olhos

Fechar os olhos e sentir os raios de sol que atravessam as pálpebras numa visão vermelha, quase marciana. Inspirar a brisa que entra narinas adentro e percorre, à pressa, o caminho até ao peito.  Encher o peito de ar e cheiros.  Encher a alma.  Acolher o abraço do calor sol e aconchegar a pele.  Tentar agarrar o vento com as mãos e sentir os pêlos a dançar.  Inebriar o corpo e o espírito. De vida.

Voltar à Casa de Partida

Estou farta deste jogo.  Já não quero saltar de casa em casa sem saber quando termina esta partida. Se tenho que recuar três casas,  ir ao castigo, esperar que os adversários joguem duas vezes ou avançar duas casas para depois recuar três, já não me interessa. Estou farta deste jogo. Quero outro.  Quero voltar à casa de partida e lançar o dado outra vez.

Abraço Vermelho e Azul

Chegou da escola com o pai. Mal entrou em casa, foi a correr para o quarto. Atirou a mochila para o chão, abeirou-se da janela e agarrou nos bonequinhos da Playmobil, com a pressa de quem tem oito anos e uma ânsia imensa de viver. Alinhou-os, formando duas colunas: uma de guardas romanos e outra de guardas egípcios. Iniciou a batalha. De vez em quando, soltava uns “ya!”, “ai!”, “toma, toma!”, “catrapum!”. Imaginava que eram guardas de carne e osso e que se magoavam a sério, sempre que levavam uma traulitada na cabeça. Quando isso acontecia, lá vinham os enfermeiros improvisados, que não eram mais do que uns bonequinhos de outra colecção da Playmobil, a dos treinadores de cães. Sabia perfeitamente que no tempo dos romanos e dos egípcios não havia enfermeiros como os de hoje, mas não se importava, pois queria era brincar e queria enfermeiros na história dele. E uns treinadores de cães armados em enfermeiros serviam muito bem esse propósito. Saltavam bonecos pelo ar, iam de encontro